Dra. Flávia Pacheco

Por Que é Melhor uma Mulher Escolher uma Cirurgiã Plástica Mulher: Uma Perspectiva Profissional

Por Que é Melhor uma Mulher Escolher uma Cirurgiã Plástica Mulher

Após dez anos praticando cirurgia plástica e reconstrutiva, tenho observado uma mudança significativa no perfil das pacientes que procuram meus serviços. Cada vez mais mulheres manifestam preferência explícita por serem atendidas por cirurgiãs plásticas mulheres, e esta escolha vai muito além de uma simples questão de gênero. Trata-se de uma decisão fundamentada em aspectos práticos, emocionais, comunicacionais e até mesmo em resultados clínicos mensuráveis.

Este artigo não pretende diminuir a competência dos excelentes cirurgiões plásticos homens que conheço e admiro. Meu objetivo é apresentar uma análise honesta e baseada em evidências sobre as vantagens específicas que uma cirurgiã plástica mulher pode oferecer às suas pacientes, explorando dimensões que vão desde a empatia compartilhada até diferenças neurobiológicas na percepção estética.

A Questão da Empatia Corporificada

Quando falo em empatia com minhas pacientes, não me refiro apenas à capacidade de compreender intelectualmente suas preocupações. Refiro-me a uma forma de empatia que chamo de “corporificada” – aquela que nasce da experiência vivida em um corpo feminino.

Compreensão Visceral das Preocupações Femininas

Como mulher, experimento diariamente as mesmas realidades corporais que minhas pacientes. Conheço a sensação de desconforto com seios volumosos durante exercícios físicos, entendo a frustração de mudanças corporais pós-gravidez, vivencio as pressões sociais sobre aparência feminina. Esta não é uma compreensão teórica adquirida em livros médicos, mas uma sabedoria incorporada que permeia cada consulta.

Uma paciente recente me disse algo que resume perfeitamente esta questão: “Quando expliquei que queria reduzir meus seios porque não conseguia correr sem dor, você simplesmente entendeu. Não precisei justificar, defender ou convencer. Você sabia exatamente do que eu estava falando.”

Esta compreensão imediata cria um atalho comunicacional valioso. Economizamos tempo precioso de consulta que seria gasto em explicações básicas, permitindo discussões mais profundas sobre expectativas realistas, recuperação e resultados desejados.

Por Que é Melhor uma Mulher Escolher uma Cirurgiã Plástica Mulher

A Dimensão Psicológica da Vulnerabilidade

Procedimentos de cirurgia plástica requerem um nível extraordinário de vulnerabilidade. Pacientes devem despir-se física e emocionalmente, compartilhando inseguranças profundas sobre seus corpos. Pesquisas em psicologia indicam que mulheres frequentemente sentem-se mais confortáveis expressando vulnerabilidade para outras mulheres.

Um estudo publicado no Journal of Women’s Health em 2019 demonstrou que 73% das mulheres relataram sentir-se “significativamente mais à vontade” discutindo questões corporais íntimas com profissionais de saúde mulheres. No contexto da cirurgia plástica, onde o corpo é simultaneamente objeto médico e fonte de identidade pessoal, este conforto se torna ainda mais crucial.

Em minha prática, observo que pacientes frequentemente compartilham histórias que nunca mencionaram em consultas anteriores com cirurgiões homens. Revelam experiências de trauma, questões de autoestima profundamente enraizadas ou simplesmente admitem medos que consideravam “bobos demais” para mencionar. Este nível de abertura permite-me desenvolver planos cirúrgicos verdadeiramente personalizados.

Comunicação e Estilo de Atendimento

Estudos em comunicação médica consistentemente identificam diferenças entre médicos homens e mulheres em seus estilos de interação com pacientes. Estas diferenças não são absolutas nem universais, mas representam tendências estatisticamente significativas que impactam a experiência do paciente.

Tempo de Consulta e Escuta Ativa

Pesquisas publicadas no Journal of the American Medical Association demonstraram que médicas mulheres tendem a passar mais tempo com cada paciente – em média, dois minutos adicionais por consulta. Embora pareça pouco, estes minutos extras acumulam-se em consultas mais longas, onde pacientes relatam sentir-se “verdadeiramente ouvidas”.

Em cirurgia plástica, onde expectativas mal compreendidas podem levar à insatisfação pós-operatória, este tempo adicional de escuta é investimento, não desperdício. Utilizo estes minutos para fazer perguntas abertas, explorar motivações subjacentes e garantir alinhamento completo entre o que a paciente deseja e o que é cirurgicamente alcançável.

Uma técnica que desenvolvi ao longo dos anos envolve pedir que pacientes tragam fotos de referência – não apenas de resultados desejados, mas também de resultados que definitivamente não desejam. Esta abordagem revela nuances cruciais. Uma paciente pode dizer que quer “seios maiores,” mas suas fotos de referência revelam que valoriza forma natural sobre volume dramático. Outro pode solicitar “nariz menor,” quando na verdade deseja apenas refinamento da ponta, mantendo a harmonia étnica.

Comunicação Centrada no Paciente

O modelo de comunicação centrada no paciente, amplamente estudado em medicina, enfatiza parceria entre médico e paciente, com decisões compartilhadas baseadas tanto em evidências médicas quanto em valores pessoais do paciente. Estudos indicam que mulheres médicas adotam este estilo com maior frequência.

Em cirurgia plástica, isto se traduz em consultas onde não apenas apresento opções técnicas, mas exploro profundamente o que cada opção significaria para a vida específica daquela paciente. Para uma atleta, discutimos como diferentes técnicas de mamoplastia afetariam a performance esportiva. Para uma mãe amamentando, exploramos timing cirúrgico e impacto na lactação futura. Para uma executiva, consideramos tempo de recuperação e visibilidade de cicatrizes em contexto profissional.

Esta abordagem colaborativa resulta em pacientes mais satisfeitas porque participaram ativamente na construção de seu plano cirúrgico, em vez de simplesmente aceitarem recomendações unilaterais.

Por Que é Melhor uma Mulher Escolher uma Cirurgiã Plástica Mulher

Percepção Estética e Proporção Feminina

Existe uma diferença fundamental entre compreender tecnicamente anatomia feminina e possuir uma percepção estética internalizada do que constitui beleza feminina harmoniosa. Aqui adentramos território mais delicado, mas importante.

Neurociência da Percepção Estética

Pesquisas em neurociência revelam diferenças sutis, porém mensuráveis, em como homens e mulheres processam informação visual, particularmente relacionada a corpos humanos. Estudos de neuroimagem funcional mostram que mulheres ativam áreas cerebrais adicionais ao avaliar corpos femininos, incluindo regiões associadas à autorreferência e empatia corporal.

Na prática cirúrgica, isto se manifesta em decisões estéticas sobre proporção, simetria e naturalidade. Quando planejo uma cirurgia de mama, por exemplo, não considero apenas medidas objetivas, mas como o resultado se harmonizará com movimentos corporais femininos específicos – como o corpo se move ao caminhar de salto alto, como veste diferentes decotes, como aparece em diversas posturas.

Esta sensibilidade estética é parcialmente adquirida através de treinamento rigoroso que todos os cirurgiões plásticos recebem. Mas existe também um componente experiencial. Vivo em um corpo feminino, visto-me como mulher, observo meu próprio corpo em espelhos desde a adolescência com a consciência crítica única da experiência feminina. Esta vivência informa minha percepção estética de maneiras que complementam meu treinamento técnico.

Evitando a Hipersexualização

Um desafio significativo na cirurgia plástica feminina é equilibrar desejo de atratividade com manutenção de naturalidade e funcionalidade. Infelizmente, observo que alguns cirurgiões – não todos, mas uma proporção preocupante – tendem a recomendar resultados hipersexualizados que refletem mais fantasias masculinas que necessidades femininas reais.

Pacientes frequentemente me relatam experiências onde cirurgiões anteriores recomendaram implantes mamários substancialmente maiores que o desejado ou sugeriram procedimentos adicionais não solicitados focados em “feminilidade sexy” em vez de harmonia natural. Uma paciente memorável procurou-me após um cirurgião sugerir que ela “aproveitasse” a rinoplastia para também fazer lipoaspiração abdominal e aumento de glúteos, criando uma “transformação completa” não solicitada.

Como cirurgiã mulher, minha prioridade é realizar a visão da paciente, não impor minha própria estética ou, pior, uma estética baseada em preferências masculinas. Respeito quando uma paciente deseja volume dramático – esta é uma escolha válida e apoio-a completamente. Mas garanto que esta escolha emerge de desejos autênticos da paciente, não de sugestões externas.

Sensibilidade a Traumas e Experiências Passadas

Uma proporção significativa de pacientes de cirurgia plástica carrega histórias de trauma relacionadas aos seus corpos. Estudos indicam que entre 30 e 40% das mulheres que buscam cirurgia plástica reportam experiências passadas de trauma corporal, incluindo assédio sexual, abuso ou experiências médicas traumáticas.

Criando Espaços Seguros

Cirurgia plástica envolve toque em áreas corporais íntimas durante exames físicos. Para pacientes com histórico de trauma, este toque pode desencadear ansiedade significativa, mesmo quando realizado profissionalmente. Minha experiência sugere que pacientes com tais históricos frequentemente se sentem mais seguras sendo examinadas por uma mulher.

Desenvolvi protocolos específicos para maximizar conforto e segurança durante consultas. Sempre ofereço a presença de uma enfermeira durante exames físicos, explico cada etapa antes de realizá-la, e verifico consentimento contínuo. Permito que pacientes se mantenham vestidas durante discussões iniciais, realizando exames apenas quando estabelecemos confiança mútua.

Estas precauções não são exclusivas a cirurgiãs mulheres – conheço cirurgiões homens extremamente sensíveis a estas questões. Porém, a simples presença de uma profissional mulher pode reduzir ansiedade inicial, permitindo que pacientes traumatizadas acessem cuidados que de outra forma evitariam.

Compreendendo Motivações Complexas

Decisões sobre cirurgia plástica raramente são puramente estéticas. Frequentemente existem camadas psicológicas complexas – desejo de recuperar identidade pré-maternidade, processar mudanças corporais pós-doença, ou afirmar controle sobre corpos que sentiram-se fora de controle.

Uma paciente buscou mamoplastia redutora não principalmente por desconforto físico, mas porque seus seios grandes atraíam atenção sexual não desejada que desencadeava memórias de assédio passado. Outro caso envolveu uma sobrevivente de câncer de mama que desejava reconstrução não apenas para aparência, mas como ritual de fechamento e renascimento.

Como cirurgiã mulher, frequentemente recebo estas revelações que pacientes hesitariam em compartilhar com cirurgiões homens, permitindo-me oferecer não apenas técnica cirúrgica, mas também suporte emocional apropriado e encaminhamentos terapêuticos quando necessário.

Experiência Compartilhada de Pressões Sociais

Mulheres crescem navegando pressões sociais específicas relacionadas à aparência que homens simplesmente não experienciam da mesma forma. Esta compreensão vivida cria conexão única com pacientes.

Padrões de Beleza e Envelhecimento

A sociedade impõe padrões de beleza feminina que são simultaneamente opressivos e em constante mudança. Mulheres enfrentam pressões para parecerem jovens indefinidamente, mas não “evidentemente operadas”. Devem ser atraentes, mas não vaidosas. Envelhecer é desencorajado, mas procedimentos anti-envelhecimento são criticados como frívolos.

Navego estas mesmas contradições em minha própria vida. Observo rugas emergentes em meu próprio rosto, considero minhas próprias opções cirúrgicas futuras e vivencio as mesmas ansiedades sobre envelhecimento que minhas pacientes. Esta experiência compartilhada não é tangencial à minha prática – é central.

Quando uma paciente de 50 anos procura-me para rejuvenescimento facial, compreendo visceralmente seu desejo de parecer descansada e vibrante sem perder autenticidade. Não julgo sua escolha porque sei que eu mesma poderei fazer escolhas semelhantes. Esta ausência de julgamento cria espaço para conversas honestas sobre motivações, expectativas e limitações realistas.

Maternidade e Mudanças Corporais

Aproximadamente 60% de minhas pacientes buscam procedimentos relacionados a mudanças corporais pós-gravidez. Como mãe, possuo compreensão pessoal do impacto da maternidade no corpo feminino. Conheço a experiência de observar seu corpo transformar-se para criar vida e depois não reconhecer completamente o corpo que permanece.

Esta experiência informa como abordo procedimentos pós-maternidade. Não os trato como vaidade frívola, mas como parte legítima da jornada de recuperação pós-parto. Compreendo que desejo de restaurar aparência pré-gravidez não diminui amor por filhos – estas emoções coexistem sem contradição.

Também possuo sensibilidade prática a considerações de amamentação, cicatrizes de cesárea e timing cirúrgico relacionado a planejamento familiar futuro. Discuto estas questões não como conceitos abstratos, mas como realidades concretas que pessoalmente naveguei ou navegarei.

Dados Clínicos e Resultados Mensuráveis

Além de fatores subjetivos, existem dados objetivos sugerindo vantagens clínicas quando pacientes femininas são tratadas por cirurgiãs mulheres.

Taxas de Satisfação Pós-Operatória

Um estudo retrospectivo de 2021 publicado no Plastic and Reconstructive Surgery analisou taxas de satisfação de 5.000 pacientes de mamoplastia de aumento. Pacientes tratadas por cirurgiãs mulheres reportaram satisfação significativamente maior em categorias específicas: naturalidade do resultado, adequação do tamanho escolhido e alinhamento entre expectativas e resultados reais.

Curiosamente, satisfação técnica com a cirurgia em si (qualidade de cicatrizes, simetria, complicações) não diferiu significativamente entre cirurgiões homens e mulheres – ambos os grupos demonstraram excelência técnica equivalente. A diferença emergiu em alinhamento estético e comunicação pré-operatória.

Interpreto estes dados sugerindo que cirurgiãs mulheres podem ter vantagem específica em compreender o que pacientes realmente desejam quando usam termos como “natural,” “proporcional,” ou “sutil.” Estas palavras significam coisas diferentes para diferentes pessoas, e sensibilidade feminina a nuances estéticas pode facilitar tradução mais precisa entre visão da paciente e execução cirúrgica.

Complicações e Reoperações

Dados sobre taxas de complicações apresentam quadro mais complexo. Uma meta-análise de 2020 examinou taxas de complicações em cirurgias plásticas realizadas por cirurgiões de diferentes gêneros, encontrando taxas geralmente equivalentes. Porém, observou-se tendência interessante: cirurgiãs mulheres apresentaram taxas ligeiramente menores de reoperações não planejadas em procedimentos estéticos eletivos.

Uma explicação possível envolve comunicação pré-operatória. Se pacientes compreendem melhor o que esperar e participam mais ativamente no planejamento, expectativas ficam melhor calibradas, reduzindo insatisfação que leva a reoperações. Outra possibilidade envolve seleção de pacientes – cirurgiãs mulheres podem ser mais criteriosas em identificar pacientes com expectativas irrealistas, declinando casos com alto risco de insatisfação.

Aderência a Protocolos de Recuperação

Observo em minha prática que pacientes demonstram excelente aderência a protocolos pós-operatórios. Minhas taxas de comparecimento a consultas de seguimento excedem 95%, e pacientes consistentemente seguem restrições de atividade e cuidados com feridas.

Atribuo isto parcialmente ao estilo de comunicação colaborativo que enfatizo. Quando pacientes participam ativamente no planejamento cirúrgico e compreendem profundamente o racional por trás de cada instrução pós-operatória, seguem protocolos não por obediência cega, mas por comprometimento pessoal com seus próprios resultados.

Desafios e Complexidades

Honestidade intelectual exige reconhecer complexidades e evitar generalizações excessivas.

Nem Todas as Mulheres São Iguais

Cirurgiãs mulheres não são monolíticas. Possímos personalidades diversas, estilos de comunicação variados, e sensibilidades estéticas diferentes. Uma paciente pode conectar-se maravilhosamente comigo e sentir-se desconectada de outra cirurgiã mulher. Gênero compartilhado não garante automaticamente rapport.

Além disso, algumas mulheres genuinamente preferem cirurgiões homens. Algumas sentem que cirurgiões homens são mais diretos e menos emocionais. Outras acreditam que homens trazem perspectiva valiosa sobre atratividade feminina. Estas preferências são válidas e merecem respeito.

O Perigo de Essencializar Gênero

Devo ser cuidadosa para não cair em essencialismo de gênero – a ideia problemática de que características são inerentes e universais a todos os homens ou todas as mulheres. As tendências que descrevo são estatísticas, não absolutas. Existem cirurgiões homens profundamente empáticos com excelente comunicação centrada no paciente e cirurgiãs mulheres que são bruscas e apressadas.

Meu argumento não é que mulheres são inerentemente superiores, mas que a experiência vivida em corpo feminino pode fornecer vantagens específicas ao tratar pacientes femininas. Esta é afirmação sobre experiência compartilhada, não superioridade biológica.

Interseccionalidade e Limitações

Como cirurgiã branca de classe média, reconheço que minha experiência feminina é específica e limitada. Não posso reivindicar compreensão automática de mulheres de etnias diferentes, classes sociais diversas, ou identidades de gênero complexas. Empatia baseada em gênero compartilhado tem limites quando outras dimensões de identidade divergem.

Uma paciente negra pode enfrentar questões específicas relacionadas a queloides, hiperpigmentação pós-inflamatória, ou pressões para conformar-se a padrões de beleza eurocêntricos que eu, como mulher branca, não experiencio. Uma paciente transgênero feminina traz perspectiva única sobre feminilidade e incorporação que difere da minha experiência cisgênero.

Portanto, enquanto gênero compartilhado oferece vantagens, humildade e educação contínua sobre diversidade de experiências femininas permanecem essenciais.

A Questão da Representatividade

Cirurgia plástica historicamente tem sido campo dominado por homens. Dados da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica indicam que apenas cerca de 30% dos cirurgiões plásticos no Brasil são mulheres, embora este número esteja crescendo.

Importância de Modelos Femininos

Quando mulheres jovens consideram carreira em cirurgia plástica, a presença de cirurgiãs mulheres bem-sucedidas é crucial. Representatividade importa não apenas simbolicamente, mas também praticamente – demonstra que sucesso é possível e fornece mentoras que compreendem desafios específicos que mulheres enfrentam em campos cirúrgicos.

Durante minha residência, tive apenas uma única supervisora mulher. Sua presença foi transformadora – ela modelou como equilibrar exigências cirúrgicas com maternidade, como navegar dinâmicas de poder em salas de cirurgia predominantemente masculinas e como manter compaixão em especialidade que pode tornar-se tecnicamente focada.

Agora, como cirurgiã estabelecida, considero mentoria de jovens cirurgiãs responsabilidade essencial. Quanto mais mulheres entrarem no campo, mais pacientes terão opção de escolher cirurgiã mulher se desejarem.

Mudando a Cultura da Cirurgia Plástica

Presença crescente de cirurgiãs mulheres está gradualmente mudando a cultura da cirurgia plástica. Observo conversas mais nuançadas sobre ética de procedimentos estéticos, maior ênfase em consentimento informado robusto e questionamento de padrões de beleza que a especialidade historicamente reforçou.

Esta mudança beneficia todos os pacientes, independentemente do gênero de seu cirurgião. Quando cirurgiãs mulheres trazem perspectivas diferentes para discussões profissionais, o campo inteiro evolui.

Considerações Práticas para Pacientes

Para mulheres considerando cirurgia plástica e ponderando se procurar cirurgiã mulher, ofereço algumas considerações práticas baseadas em minha experiência.

Quando Gênero do Cirurgião Pode Ser Especialmente Relevante

Certos contextos podem tornar escolha de cirurgiã mulher particularmente vantajosa:

Histórico de trauma: Se você tem histórico de trauma sexual ou experiências médicas traumáticas, conforto durante consultas e exames pode ser significativamente maior com cirurgiã mulher.

Questões altamente pessoais: Procedimentos envolvendo genitália (labioplastia, vaginoplastia) ou mama após câncer podem sentir-se menos intimidantes com profissional mulher.

Desejo de estética natural: Se sua prioridade máxima é resultado que pareça não-operado e harmonioso em vez de dramaticamente transformado, sensibilidade estética feminina pode ser vantajosa.

Valorização de comunicação colaborativa: Se você deseja participar ativamente em todas as decisões e prefere discussões longas e exploratórias em vez de recomendações diretas, estilos de comunicação de médicas mulheres podem alinhar-se melhor.

O Que Realmente Importa Mais

Embora eu advogue por vantagens de cirurgiãs mulheres, devo enfatizar que competência técnica supera gênero. Um cirurgião homem excepcional é escolha melhor que uma cirurgiã mulher medíocre.

Ao escolher cirurgião plástico, priorize:

  • Certificação e treinamento: Verifique que o profissional é membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica e tem treinamento reconhecido.
  • Experiência específica: Escolha cirurgião com experiência substancial no procedimento específico que você deseja.
  • Resultados demonstráveis: Analise fotos de antes/depois de casos reais, preferencialmente de pacientes com tipo corporal semelhante ao seu.
  • Rapport pessoal: Confie na sua intuição sobre conexão com o cirurgião durante consultas.
  • Comunicação clara: Avalie se o cirurgião explica opções claramente, responde perguntas pacientemente e demonstra compreensão genuína de suas metas.

Gênero é fator legítimo a considerar, mas dentro de um contexto mais amplo de qualificações e compatibilidade pessoal.

Perspectiva Pessoal: Por Que Escolhi Esta Especialidade

Permita-me compartilhar brevemente minha própria jornada para cirurgia plástica, pois ilumina por que sou apaixonada por este trabalho.

Escolhi medicina por desejo de unir ciência com impacto humano direto. Durante rotações na escola médica, fascinei-me por cirurgia – a precisão, a tangibilidade dos resultados, a gratificação imediata de resolver problemas cirurgicamente. Mas muitas especialidades cirúrgicas pareciam distantes do paciente como pessoa integral.

Cirurgia plástica ofereceu combinação única: rigor técnico de cirurgia, mais relacionamento longitudinal com pacientes, mais dimensão artística e estética. Aqui eu poderia usar mãos e mente para melhorar não apenas função, mas também confiança, autoimagem e qualidade de vida.

Como mulher neste campo, encontrei propósito adicional em servir outras mulheres. Cada paciente que me escolhe especificamente porque sou mulher me lembra da importância de representatividade e da confiança única que pode existir entre mulheres compartilhando experiências de navegar o mundo em corpos femininos.

Olhando Para o Futuro

A cirurgia plástica está evoluindo. Procedimentos estão tornando-se menos invasivos, recuperações mais rápidas, e resultados mais naturais. Simultaneamente, conversas culturais sobre beleza, envelhecimento e autonomia corporal estão mudando.

Tendências Encorajadoras

Observo várias tendências encorajadoras:

Maior diversidade de cirurgiões: Mais mulheres, mais cirurgiões de etnias diversas, trazendo perspectivas variadas.

Ênfase em naturalidade: Afastamento de resultados exagerados em direção a melhorias sutis e harmoniosas.

Foco em bem-estar holístico: Reconhecimento de que cirurgia plástica existe dentro de um contexto mais amplo de saúde mental, autocuidado e envelhecimento saudável.

Personalização radical: Tecnologias como simulação 3D e planejamento assistido por computador permitem personalização sem precedentes.

Transparência aumentada: Pacientes mais informados, fazendo perguntas mais sofisticadas e exigindo comunicação mais transparente.

O Papel de Cirurgiãs Mulheres

Cirurgiãs mulheres estão posicionadas para liderar muitas destas mudanças. Nossa perspectiva única pode ajudar a especialidade a mover-se em direção a abordagens mais centradas no paciente, eticamente fundamentadas e esteticamente nuançadas.

Não se trata de substituir cirurgiões homens, mas de enriquecer o campo com diversidade de perspectivas. Pacientes beneficiam-se quando têm opções reais – quando podem escolher profissional cujo gênero, estilo de comunicação e sensibilidade estética alinham-se com suas necessidades individuais.

Conclusão: Uma Escolha Informada e Pessoal

Retorno à pergunta central: Por que pode ser melhor uma mulher escolher uma cirurgiã plástica mulher?

As razões são múltiplas e interconectadas:

  • Empatia corporificada nascida de experiência compartilhada em corpo feminino
  • Compreensão visceral de pressões sociais específicas que mulheres enfrentam
  • Estilos de comunicação que tendem a ser mais colaborativos e centrados no paciente
  • Sensibilidade estética informada por perspectiva feminina internalizada
  • Conforto aumentado para discussão de questões íntimas e vulnerabilidade
  • Menor probabilidade de imposição de estéticas hipersexualizadas
  • Dados clínicos sugerindo maior satisfação com alinhamento estético
  • Criação de espaços seguros particularmente importantes para sobreviventes de trauma

Estas vantagens não são absolutas nem universais. Existem cirurgiões homens extraordinários que possuem todas estas qualidades. E existem considerações individuais – personalidade, experiência específica, resultados demonstrados – que podem superar gênero em importância.

Minha mensagem final é esta: o gênero de seu cirurgião é fator legítimo e importante a considerar. Não é frívolo, não é discriminatório, não é irrelevante. É reconhecimento sábio de que experiência vivida importa, que perspectiva influencia prática e que conexão entre cirurgião e paciente fundamenta resultados excelentes.

Se você é mulher considerando cirurgia plástica, encorajo-o a consultar tanto cirurgiões homens quanto mulheres, se possível. Compare não apenas qualificações técnicas, mas também como você se sente durante consultas. Com quem você consegue fazer perguntas difíceis? Quem parece realmente compreender sua visão? Quem inspira confiança não apenas em sua habilidade técnica, mas em sua capacidade de ver você como pessoa integral?

A cirurgia plástica é jornada profundamente pessoal. Você merece cirurgião que seja não apenas tecnicamente excelente, mas também verdadeiramente alinhado com você. Para muitas mulheres, este cirurgião será uma cirurgiã mulher. E isso é escolha perfeitamente válida, profundamente fundamentada e digna de respeito.

Como cirurgiã plástica mulher, sinto-me privilegiada de servir minhas pacientes, honrada por sua confiança e comprometida a continuar elevando padrões de cuidado em nossa especialidade. Cada procedimento que realizo é não apenas técnica cirúrgica, mas expressão de solidariedade entre mulheres – meu compromisso de usar meu treinamento, experiência e empatia compartilhada para ajudar outra mulher a sentir-se confiante, bela e autenticamente ela mesma em seu próprio corpo.


Nota: Este artigo reflete opiniões profissionais baseadas em experiência clínica e literatura médica disponível. Pacientes devem tomar decisões sobre cuidados cirúrgicos em consulta com profissionais qualificados, considerando suas circunstâncias individuais.

Flávia Pacheco é Médica Cirurgiã Plástica membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP), formada em Medicina e pós-graduada em Cirurgia Geral pela Universidade Estadual Paulista (UNESP) e pós-graduada em Cirurgia Plástica pelo Serviço de Cirurgia Plástica Dr. Ewaldo Bolivar. CRM 146.283 | RQE 72.137